16 de maio de 2009


No meu mundo imaginário é sempre de noite. Estou vestida de negro, de lábios bem vermelhos, de olhos bem brilhantes e de cabelos bem compridos.


O meu corpete mal me deixa respirar e o barulho dos saltos nas ruas húmidas e desertas, ouvem-se longe.

Os passos que ouço por trás de mim não me deixam assustada, apenas me deixam ansiosa. Pouco importa quem será, apenas aguardo pela investida...

Será o metal frio da faca no pescoço ou uma mão possante a agarrar o cabelo?


Aguardo e caminho.


Sinto a sua respiração pesada no meu ouvido e o meu coração bate descompassadamente.


...Paro.... ele pára surpreso... olho-o nos olhos.

Ele ajoelha-se e oferece-me o pescoço...

E eu bebo.......................................................................
Imagem: (Vampire Girl) Victoria Frances

13 de maio de 2009


“Quando não posso contemplar teu rosto,

contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,

teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam

e que teu doce peso

sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,

a duplicada púrpura

dos teus mamilos,

a caixa dos teus olhos

que há pouco levantaram vôo,

a larga boca de fruta,

tua rubra cabeleira,

pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés

é só porque andaram

sobre a terra e sobre

o vento e sobre a água,

até me encontrarem.”



Plabo Neruda

6 de maio de 2009


A raiva - velada - mostrada - marcada - gritada...
O lamento preso no peito, a mulher deitada, enrolada.
A raiva...
Contida, aliada!