13 de maio de 2009

“Quando não posso contemplar teu rosto,

contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,

teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam

e que teu doce peso

sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,

a duplicada púrpura

dos teus mamilos,

a caixa dos teus olhos

que há pouco levantaram vôo,

a larga boca de fruta,

tua rubra cabeleira,

pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés

é só porque andaram

sobre a terra e sobre

o vento e sobre a água,

até me encontrarem.”



Plabo Neruda

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